Adeus aos Três Passos! O Handebol vai mudar, e muito!28 Setembro 2009 por Lucas LeonardoCaros amigos, uma notícia quentinha, saída do forno!Venho realizando um curso de pós-graduação pela Escola Superior deEducação Física de Jundiaí (ESEF-Jundiaí), coordenado pela ProfessoraRita Orsi, e o primeiro módulo específico sobre handebol já trouxe umagrande novidade.Em aula ministrada por Sálvio Pereira Sedrez (coordenador dodepartamento de arbitragem da CBHb), algumas mudanças de regras foramapresentadas e entre elas, uma que promete mudar o que entendemos porhandebol hoje.Sai de cena o ritmo trifásico (o famoso ‘três passos’) e entra em cenaa regra dos “CINCO CONTATOS”.Uma mudança enorme e que deverá entrar em vigor no mundo a partir deagosto/2010, mas que no Brasil pode começar antes, devido à diferençade calendário das competições nacionais e européias.Essa regra já é oficial, agora um jogador poderá realizar até cincocontatos com o solo quando em posse de bola. Essa regra, na realidadevem para acabar com aquilo que em São Paulo, principalmente, virou ofamoso “Mito da passada zero”.Hoje, o handebol, segundo as regras oficiais, permite que o jogador,caso esteja em um momento de vôo, ou seja, sem tocar o chão, pegue abola e ao cair (com um pé ou com os dois) tenha a chamada “passadazero” que não conta como um passo, logo, após a zerada, um jogadorpode realizar mais três passos.Além disso, depois dos três passos, um jogador pode driblar a bola erealizar novamente mais uma passada zero (desde que ao pegar a bolaesteja novamente em momento e vôo) e depois mais três passos.Essa forma de deslocar-se na quadra de jogo, sem dúvida, gera muitapolêmica entre a relação arbitragem-treinadores-atletas, e é um dosfatores de mais erros de interpretação/reclamações de árbitros etreinadores.Essas dúvidas ocorrem porque ao realizar a passada zero, o jogadordeve ter o contato com o solo em apenas um ritmo. Cair com um pé napassada zero é naturalmente um ritmo único, logo, se o outro pé tocarao solo, inicia-se a contagem de passos.A grande dúvida sobre essa regra fica quando o jogador opta em caircom ambos os pés ao mesmo tempo. Se ele conseguir fazer isso, ficacaracterizado um único ritmo, logo, mesmo que ambos os pés toquem aochão, caracteriza-se a passada zero. Porém, se ao cair com os dois pésno solo, acontecer de um pé tocar primeiro que o outro (mesmo que sejaem frações de segundo), caracteriza-se a passada zero e depois aprimeira passada. Pronto! Está armada a polêmica!A ideia dos “cinco contatos” é acabar com essa interpretação e todaessa polêmica.Se, ao pegar a bola estando em momento de vôo (seja por um passe, sejapor ele ter driblado a bola anteriormente), o jogador cair com os doispés, temos ali dois contatos, logo, ele poderá realizar mais trêscontatos para totalizar os cinco.Se, ao pegar a bola estando em momento de vôo (seja por um passe, sejapor ele ter driblado a bola anteriormente), o jogador cair com apenasum pé, temos ali um contato, logo, ele poderá realizar mais quatrocontatos para totalizar os cinco.NOSSA! Isso muda muitas coisas em nossas aulas e treinos não?! Com certeza!Seguem algumas reflexões minhas (ainda bastante preliminares e atécerto ponto polêmicas, eu sei) feitas no fim de semana sobre oassunto:Considerações Pedagógicas na IniciaçãoCom essas regras, será muito mais fácil estimular nossos alunos agostarem do handebol. Será mais gostoso jogar com a bola, pois toda adificuldade de fazê-los entender o que significa a tal da passada zeroacabará.Bastará ensinar que ao receber a bola, cinco contatos poderão serfeitos no chão até o momento em que ele opte ou em passar a bola, ouem arremessá-la, ou em driblá-la.Se o handebol já era um jogo muito natural de ser aprendido, agoraserá mais ainda!Porém, ensinar a jogar sem bola (o que é uma das coisas mais difíceisdo processo de ensino-aprendizagem, em minha opinião) será ainda maisdifícil do que já é hoje, pois será mais difícil da criança acharrazão para correr sem bola, porém, temos que ver como a modalidade secomportará com essa nova regra para avaliarmos se jogar sem bola seráassim tão importante quanto é hoje ou mesmo tão afetado.PONTOS A DESTACAR:NO QUE SE REFERE À MAIOR POSSIBILIDADE DE ADESÃO DE NOSSOA ALUNOS NASAULAS, PRINCIPALMENTE NA ESCOLA E NA INICIAÇÃO. PORÉM ENTEDER AVALIDADE DE JOGAR SEM BOLA SERÁ AINDA MAIS DIFÍCIL DE SER ENSINADO AOSALUNOS.Considerações Táticas DefensivasAtacar será uma delícia!… mas defender… nunca foi tão difícil!Sobre as defesas zonais altas (ou abertas, tais como o 3:3; 3:2:1 eoutras variações):Ou elas se tornarão extremamente agressivas, a ponto de confundirem-semuito com defesas individuais;Ou então elas não serão mais uma boa opção, pois o jogador com a possede bola, mesmo sofrendo contato, que caracterizaria a falta, poderáinsistir um pouco mais (até dois passos a mais do que podiaanteriormente) o que possibilitará maior abertura de espaços emlargura, principalmente, numa defesa que já possui muitos espaços.Imaginem um 3×2x1. O jogador mais avançado (que está no centro daquadra), ao realizar um contato no jogador com bola, poderá serdirecionado para a esquerda ou para a direita com mais largura do quehoje, pois uma das determinações visíveis hoje nas arbitragens é que avantagem seja dada até o máximo de tempo possível. A defesa terá seucentro mais aberto (logo o centro, que tanto devemos proteger no jogode handebol!) e se um armador cruzar com o central que atacou odefensor avançado da defesa 3:2:1 e assumir esse espaço, ele poderácom dois passos chegar ao marcador da base e com mais três passosfintá-lo.Realmente, defender será muito difícil. O mais prático serádefender-se em defesas bem fechadas, e isso implicará muito numa percade qualidade do processo de ensino-aprendizagem de alunos da iniciaçãono que tange às questões estruturais defensivas.PONTO A DESTACAR:NO QUE DIZ RESPEITO À CARGA TÁTICA E ESTRATÉGICA DO JOGO. O JOGO SERÁMUITO MAIS DE JOGADORES HABILIDOSOS DO QUE DE GRANDES ORGANIZAÇÕESESPACIAIS ESTRATÉGICAS. O JOGO PERDERÁ BASTENTE DAQUILO O QUE HOJE É OGRANDE CHARME DO HANDEBOL – O INTENSO CONFRONTO E ESTUDO TÁTICO ENTREDEFESA E ATAQUE! MAS GARANTO QUE QUEM CONSEGUIR LIDAR MELHORDEFENSIVAMENTE COM ESSA NOVA REGRA (SOBRE A PERSPECTIVA TÁTICA,REIVENTANDO FORMAS DE JOGAR TATICAMENTE NA DEFESA) SE ESTACARÁ COMO UMGRANDE TREINADOR/PROFESSOR DA MODALIDADE.Divulgação da ModalidadeCom essa mudança, o handebol será mais “bonito” de se ver sob aperspectiva da cultura brasileira. Estamos muito acostumados com oparadigma do futebol arte – voltado para jogadores muito habilidosos,que realizam dribles e fintas.PONTOS A DESTACAR:SE ESPAÇO NA MÍDIA BRASILEIRA É O QUE O HANDEBOL QUER, AGORA É A HORADE INVESTIR. O JOGO SERÁ MUITO PLÁSTICO E TOTALMENTE ENGAJADO NAQUILOQUE O BRASILEIRO MAIS GOSTA DE VER NO ESPORTE: A IMPROVISAÇÃO, ADEFESA SUCUMBINDO AO ATAQUE PELA HABILIDADE INDIVIDUAL.Conclusões (até certo ponto precipitadas)De qualquer forma, a mudança de regras é sem dúvida válida e tornará ojogo mais dinâmico. Temos que apostar nessas mudanças para que ohandebol cresça ainda mais!Começarei, desde já a estudar com mais detalhes o que essas mudançastrarão de diferenças ao handebol, pois quero, particularmente, sair nafrente!Acho que essa deve ser a ambição de todos que trabalham com o handebola partir de agora: sair na frente, ver como anular e comopotencializar a utilização dessa nova regra do jogo.Novos desafios se avizinham, pelo menos, até 2012, quando novamente asregras serão discutidas e pode ser que tudo volte ao normal, oumelhor, não tão ao normal, pois muitos iniciantes na modalidade já aterão vivido com a regra dos cinco contatos e ensiná-los a zerar e darmais três passos será uma tarefa bastante difícil, mas é pra isso queestamos aqui, na parte de baixo desse imenso iceberg.Abraços a todos!